Visão saudável desde o nascimento

O especialista Jonathan Lake alerta os pais para o perigo de não conseguir diagnosticar doenças relacionadas à visão na infância.

Muitos ainda não sabem, mas o baixo rendimento escolar pode estar sim ligado aos problemas de visão desenvolvidos ainda na primeira infância. Segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 30% das crianças em idade escolar têm os mais variados problemas para enxergar corretamente. Isso comprova a tese defendida pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) de que 3% a 10% das crianças, entre 7 a 10 anos, precisam usar óculos para corrigir a visão.

A cultura de levar o filho ao oftalmologista somente quando há queixa por parte da criança não é a conduta mais adequada. Nos primeiros sete anos de vida a visão está se formando e os pais precisam fazer da ida ao oftalmologista um hábito. É esse período que define como a criança enxergará no futuro. “Desde o nascimento a criança está formando a visão. Assim como o pai ou a mãe levam o filho ao pediatra, deve fazer parte da rotina médica a visita ao oftalmologista”, enfatiza o especialista em catarata da Oftalmed, Dr. Jonathan Lake. Segundo ele, é muito difícil suspeitar a existência de problemas de visão na infância, mas se nesta idade não houver um diagnóstico preciso, os danos à visão poderão ser irreversíveis.

A empresária Soraya Lacerda, de 32 anos, leva a filha Isabela Cristina, hoje com 13 anos, para consultas regulares ao oftalmologista. “Minha família tem um histórico relevante de miopia e astigmatismo. Então, desde que a Isabela nasceu, procuro levá-la ao oftalmologista para fazer uma avaliação pelo menos uma vez por ano”. Foi numa dessas avaliações e observando sinais de queda do rendimento da filha na escola, que Soraya ficou sabendo que Isabela tinha de usar óculos. “Mesmo fazendo as consultas todo início de ano, ficava atenta aos sinais da Isabela. Percebi no segundo semestre de 2011 que as notas dela em espanhol estavam em desacordo com o que ela vinha apresentando como rendimento. Então, tive a intuição de levá-la para uma nova consulta no mesmo ano. Em janeiro estava tudo normal, mas em agosto ela já estava com quase um grau de miopia”, conta a empresária.

Jonathan Lake explica que esse tipo de cenário é comum porque a acuidade da criança muda conforme o crescimento. “O olho cresce à medida que a criança também vai crescendo. Por isso, uma visita ao oftalmologista pode fazer diferença de um semestre para o outro, como aconteceu no caso da Isabela. Ainda bem que a mãe dela estava atenta e a correção visual foi feita. Essa conduta dos pais é importante para preservar a visão e a qualidade de vida dos filhos”, enfatiza o médico.

Mesmo levando os filhos para consultas de rotina, os responsáveis devem ficar atentos aos sinais de dificuldade na visão que a criança apresenta, como lacrimejamento constante, olhos com cor acinzentada ou opaca, olhos avermelhados com secreção, dores de cabeça e nos olhos com frequência, assistir TV muito próximo à tela, coçar os olhos depois de um esforço visual e fechar um dos olhos em local ensolarados. Essas são as características mais comuns do glaucoma congênito, catarata congênita, miopia, astigmatismo, hipermetropia e estrabismo, que são problemas mais frequentes na faixa etária.

Fique de olho

A primeira consulta deve ser feita aos seis meses de idade. “Existem crianças que precisam usar óculos desde bebês ou até mesmo passar por alguma cirurgia”, afirma Jonathan Lake.

Os pais, ou responsáveis, devem ficar atentos aos sinais como: queda do rendimento escolar, irritabilidade e problemas de interação com os colegas, que podem ser consequências de disfunções visuais.

Sobre o uso dos óculos, o oftalmologista lembra que o desenvolvimento da indústria trouxe armações que se tornaram até mesmo objetos de consumo entre a garotada. “A variedade é tão grande que temos observado uma tendência entre esse público. Já recebi pacientes que não tinham nenhum problema de visão, mas queriam muito usar óculos, por considerá-los bonitos, ou porque algum amiguinho estava usando também”, comenta o oftalmologista.