A palavra “doula” vem do grego “mulher que serve”. Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.
Antigamente, a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, como suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.
Hoje, a família moderna é cada vez menor e a maioria das mulheres fica grávida e tem seus bebês sem suporte antes, durante e depois do parto, a despeito de toda a equipe multiprofissional envolvida. Tudo passa a ser motivo de preocupação ou de se procurar um médico. A gestação e o parto atuais estão totalmente medicalizados e as mulheres estão com medo desses momentos que antes eram considerados partes naturais de suas vidas.
Além dessa perda de contato com mulheres mais experientes, o parto passou a ser visto como um evento médico e portanto exclusivamente físico. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto. O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermagem cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê.
Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto.
O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher tendem a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetivae a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar, dentro do atual modelo de atendimento utilizado no Brasil.
Salienta-se que a doula pode ser um elo importante entre o modelo masculino tecnocrático e o modelo feminino intuitivo e fisiológico de atendimento às gestantes, parturientes e puérperas.
A Organização Mundial de Saúde, no seu guia: “Assistência ao Parto Normal; um guia prático” (OMS/SRF/MSM/96.24) , p.13, se refere à doula como “uma prestadora de serviços que recebeu um treinamento básico sobre parto e que está familiarizada com uma ampla variedade de procedimentos de assistência. Fornece apoio emocional consistindo de elogios, reafirmação, medidas para aumentar o conforto materno, contato físico, explicações, sobre o que está acontecendo durante o trabalho de parto e uma presença amiga constante.”
O Ministério da Saúde, através de sua publicação “Parto, Aborto e Puerpério ‘ Assistência Humanizada à Mulher (Livro do Ministério da Saúde, 2001 ‘ páginas 64 a 67)”, descreve as atribuições da Doula:
• A acompanhante treinada, além do apoio emocional deve fornecer informações à parturiente sobre todo o desenrolar do trabalho de parto e parto, intervenções e procedimentos necessários, para que a mulher possa participar de fato das decisões acerca das condutas a serem tomadas durante este período;
• Durante o trabalho de parto e parto, a acompanhante:
– Orienta a mulher a assumir a posição que mais lhe agrade durante as contrações,
– Favorece a manutenção de um ambiente tranqüilo e acolhedor, com silêncio e privacidade; auxilio na utilização de técnicas respiratórias, massagens e banhos mornos;
– Orienta a mulher sobre métodos para alivio da dor que podem ser utilizados, se necessários; estimula a participação do marido ou compannheiro em todo o processo;
– Apoia e orienta a mulher durante todo o período expulsivo, incluindo a possibilidade da liberdade de escolha quanto à posição a ser adotada.
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