O medo de tentar

O medo de tentar

Olá, cuidadores! Hoje venho falar sobre um processo recente pelo qual passamos aqui em casa com o Miguel: o medo de tentar!

Ele está com 5 anos e começou a apresentar os medos de escuro, de perder, de tentar, de se aproximar para fazer novas amizades…Por conta disso, comecei a buscar maneiras de, primeiro, ajudá-lo a fortalecer a questão da confiança. De mostrar que todos nós, em algum momento, perdemos. E que ganhar não é uma regra. São altos e baixos, né!? Disse que precisamos tentar, independente do resultado.

A principal questão vivida foi em relação à natação na escola. É oferecida uma aula por semana e fazia muito tempo que Miguel não participava de uma aula. Na verdade, ele fez natação quando bebê e no ano passado, por conta de uma cirurgia, ficou sem poder entrar na piscina. Tudo colaborou para a resistência que ele criou. Além disso, ele só tinha confiança nos cuidadores (eu, o pai, os avós e nos professores de psicomotricidade). Nas primeiras semanas, tentamos conversar, convencer e nada deu certo. A professora também tentou sem sucesso. Ele empacava na sala e não ia por nada desse mundo.

Em um desses dias, já com a pressão em cima dele, aconteceu um fato que mexeu comigo e me despertou para a mudança de estratégia. Ele saiu da escola e me disse que tinha feito a aula. Sorriu e disse que tinha sido legal. Porém, a professora já havia avisado que ele não tinha ido mais uma vez. Ele mentiu. Mas, foi uma falha dele? Claro que não. Ele explicou que tinha inventado que tinha ido na aula para me deixar orgulhosa (coração despedaçou nesse momento!). Foi aí que percebi que as estratégias estavam erradas e as motivações também. Até aquele momento, eu dizia para ele ir para natação porque ele tinha que ir. Os amigos iam, poderia ser divertido, ele deveria participar.

Mas, por que ele deveria participar? Ele sabia o porquê?

Ele não sabia exatamente. E não era porque todos iam que ele tinha de ir. Ele tinha de ir para ter a noção básica, para se defender. Nós temos piscina em casa, então, a natação é uma necessidade. E recomeçamos o processo assim: explicando cada ponto e mostrando para ele os motivos para ele experimentar. Vale ressaltar também que a escola ajudou muito nesse processo. Os professores se envolveram e um deles até entrou na piscina com o Miguel para que ele pudesse ganhar confiança. Além disso, fizemos um combinado! Ele disse que estava gostando de fazer as aulas de futsal e havia pedido uma chuteira e um meião. Explicamos para ele que o que obtemos é fruto do nosso empenho e da nossa dedicação. E fizemos um acordo. Ele deveria experimentar a natação porque já havia combinado com a gente e deveria nos dizer se realmente ele queria se dedicar ao futsal. Que teria de mostrar sua dedicação nas aulas e, por merecimento, ele teria o material que tinha pedido.

E assim, uma semana depois, ele deu um “check” em todas os combinados! Tão mais facil e com uma alegria imensa no final! Ele fez o que nós pedimos e nós fizemos o que ele pediu.

O que (re)aprendemos:

  • As crianças não conseguem entender mensagens implícitas. Tudo deve ser explicado em detalhes;
  • Elas têm capacidade para entender e argumentar, se quiserem;
  • Elas devem ser respeitadas em sua individualidade e todo processo de comunicação deve ser bem feito, ouvindo e sendo ouvido.

E você? Tem ouvido seu/sua filho(a)? Tem respeitado ele/ela para ser respeitado?

 

Andrea Lopes

Jornalista, especializada em comunicação digital. Mãe do Miguel, nascido em janeiro de 2013 e do Rafael, nascido em outubro de 2014. Apaixonada pelo mundo materno-infantil.

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