Quando descobri que estava grávida, uma das minhas preocupações quando meu bebê nascesse era: “Com quem vou deixar quando voltar a trabalhar?”. Minha mãe não mora no Brasil e, confesso, esse assunto foi motivo de várias noites sem dormir, inclusive depois que a Lala nasceu. Pensamos em contratar uma babá, pois seria uma forma de manter minha filha longe de tantos “vírus” nesse primeiro ano de vida (imaturidade nossa achar que a escola é uma vilã nesse quesito), mas teríamos que colocar câmeras, porque como pais de primeira viagem queríamos ver tudo (como se realmente tivéssemos tempo para acompanhar segundo a segundo das atividades diárias dela em casa). Pronto, estava decidido! Contrataríamos uma pessoa.
Conforme Lala foi crescendo, tendo contato com outras crianças no programa “Mamãe Bebê”, percebi que seria injusto e egoísmo da minha parte deixá-la aos cuidados de uma pessoa e privá-la do convívio com outras crianças. Ela é muito brinc
alhona e receptiva, então comecei a plantar a idéia de uma escola na cabeça do meu marido e, aos poucos, fui convencendo-o de que seria muito importante para o desenvolvimento psicomotor e social da nossa filha. Pronto! Decidimos pela segunda vez! Lala iria para uma escola! Mas, qual? Comecei uma batalha. Como encontrar uma escola boa, que seja uma extensão da nossa casa e que cuide muito bem do meu tesouro? Pesquisei, visitei, entrei em vários fóruns, conversei com mãezinhas na saída das escolas e, cada vez, ficava mais na dúvida. Até que decidimos. Ou melhor, Lala decidiu! Fui com ela a todas as escolas, mas ela se encantou por uma, em especial. Riu para as educadoras e quis descer do meu colo para brincar. Eu simplesmente ADOREI essa atitude dela, porque de uma forma ela tirou a culpa do meu coração de estar deixando-a por tanto tempo na escola. Conforme o tempo passava e o dia da nossa separação se aproximava, meu coração diminuía de tamanho. Toda aquela certeza e coragem que tive na escolha da escola, simplesmente sumiu. Chorei muito escondida, porque tinha de demonstrar a todos que estava tudo bem.
Chegou a semana da adaptação. Seria uma hora no primeiro dia, duas no segundo e assim por diante, sempre com a mãe por perto. No primeiro dia, cheguei e as educadoras logo fizeram uma festa com nossa chegada. Uma veio até nós e perguntou se poderia pegar minha bebê e a levou para o tapetinho, a coordenadora veio conversar comigo e eu não sabia para onde olhava: para minha Lala ou para a coordenadora. Decidi dar atenção à coordenadora que estava colhendo informações importantes sobre o dia-a-dia dela; o que comia, se tomava medicamento, se dormia bem, se tinha restrição alimentar.
Quando terminou a entrevista, procurei meu pinguinho de gente no meio de apenas cinco crianças. Lá estava ela sentadinha, brincando com a tia. Confesso, meu coração apertou, veio uma vontade incontrolável de chorar, uma lágrima teimosa correu em meu rosto, queria minha mãe naquele momento, queria um afago, queria estar no lugar da tia, queria estar na minha casa, queria sair correndo com ela nos braços para nunca mais voltar… Porém, no mesmo instante, minha consciência tomou as rédeas da situação e uma sábia voz falou comigo: “ Boba! Ela está super bem! Deixa de ser ciumenta. Sua filha está crescendo!”. Claro, usei todas as táticas para me acalmar até que olhei para ela e estava rindo, estava feliz e fiquei super orgulhosa de ter me controlado sozinha e por ter passado a segurança que Lala precisava!
No terceiro dia já fiquei na secretaria, no quinto dia fui ao mercado e aos poucos me adaptando. No primeiro dia de trabalho, acordei confiante, brinquei com ela e expliquei que naquele dia ela iria ficar um pouco mais na escolinha, só que ia ser bem legal, que teria um monte de amiguinhos e que se precisasse era só ligar que a mamãe estaria lá. Desci do carro, meu marido também, quando a entreguei para a educadora, não segurei. Comecei a chorar e a educadora, com os olhos marejados, disse: “Mãe, ela vai ficar bem” e me abraçou. Precisava desse abraço e dessa segurança. Claro que fui embora aos prantos e liguei o dia todo para saber como ela estava.
Hoje, Laryssa ama a escola e eu também! Ainda fico chateada toda segunda-feira, ela mal chega na escola e já começa a “fofoca com as “ tias”. Essa segunda fase de cortar o cordão umbilical não é fácil para os pais, já para as crianças… Laryssa teve seu primeiro resfriado, segundo, terceiro, quarto, vários, mas se desenvolveu muito rápido e não me arrependo de ter feito a opção da escola. Ela, o papai e eu aprendemos muito. Todo dia ela chega em casa com uma novidade e, claro, a gente incentiva muito e vibra com cada conquista.
O que aprendi com tudo isso? Que a gente tem de criar o filho para o mundo e que a adaptação é nossa e não deles! =)
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Erúzia Faluba
17 de outubro de 2013 at 8:50Taty, não é uma tarefa fácil, mas é bom quando sentimos que damos conta de superar nossos medos, angústias… E você tem conseguido se superar a cada dia!!! É uma sensação maravilhosa, e tenha certeza que a Lala se orgulha muito da mamãe forte e amorosa que ela tem!!!
É como bem escreveu a nossa querida Andrea Lopes no post anterior “A difícil arte de delegar tarefas”: não é fácil deixar nosso bebê aos cuidados de outras pessoas de nossa família, quanto mais de pessoas “estranhas”, não é mesmo?
Quem me conhece sabe que além de eu ser de BH, não tenho nenhuma pessoa de confiança que tenha disponibilidade de ficar com os meus filhos, principalmente com o meu Bebê, que hoje está completando 11 meses. Coincidentemente ele também é amiguinho da Lala na mesma creche, e gosta muito de lá também. Eu nunca tive dúvidas de que ele iria pra uma creche, pois tenho muito medo de colocar uma pessoa estranha dentro de casa para cuidar dos meus filhos. Infelizmente, nem sempre as pessoas com os quais convivemos na atualidade, estão aptas a trabalhar com seres humanos, principalmente bebês…
Quando eu digo aptas, eu não estou me referindo especificamente a cursos de babás, primeiros socorros ou alimentação saudável para bebês, por exemplo! Mas sim, aptas a dar amor, carinho, proteção, respeito!!!
Com a minha filha mais velha eu fiz essa mesma opção, há treze anos, mesmo morando em BH. A dúvida maior é encontrar uma creche segura, aconchegante, com profissionais capacitados, e principalmente, que cuidem com amor e tenham paciência e respeito com os nossos maiores tesouros! Apesar de morar mais próxima da família nessa época, todas as avós, tias ou madrinha, que seriam da minha inteira confiança para cuidar da Luh, trabalhavam fora o dia todo. E querem saber? Nunca me arrependi dessa escolha, nem com a Luh e acho que será assim também com o Bê!
Fabiana Cassimiro
23 de outubro de 2013 at 22:02Meu filhote está com 2 anos e 3 meses e quero colocá-lo na escola ano que vem agora. Alguma indicação de escolas na Asa Sul???
Andrea Lopes
28 de outubro de 2013 at 0:53Fabiana, já ouvi falar muito bem da Ursinho Feliz, na 112/312 Sul. 😉
Fabiana Cassimiro
28 de outubro de 2013 at 9:40Eu conheci lá Déia, mas não gostei muito não…