Falar sobre sono infantil é algo profundo e denso já que lido com famílias extremamente fragilizadas física e emocionalmente.
A privação de sono para pais e mães de recém-nascidos é assunto que exige atenção e, mais que isso, compreensão.
Poderia, primeiramente, falar das orientações que são dadas às famílias. Orientações, tais, que direcionam e proporcionam uma melhor qualidade de sono para esse bebê e, consequentemente, para seus cuidadores. Contudo, proponho partirmos de outro instante. A gestação.
O parto é o momento que eles nascem pra gente, mas existe um momento que eles nascem pra eles mesmos. Partindo desse princípio, empatia e compaixão deveriam reger essa família recém criada.
Pensemos onde estava esse bebê e em quais circunstâncias ele se encontrava antes do parto. Dentro do útero.
Ambiente aquoso, gravidade zero. O peso do corpo? Imperceptível. Silêncio ou barulhento? Quente ou frio? Claro ou escuro?
A cada semana que passava o espaço ficava mais restrito, limitado. O balanço? Ah, o balanço. Aquilo sim era calmaria. Friso, balanço vertical e muito pouco horizontal. Vestido ou pelado?
Sim. Todas essas questões devem ser levadas em conta quando falamos de sono. E, por quê?
Falar de sono é falar de segurança, hábitos, rotina, nutrição.
Sobre serem seguros, eles não são. Nos primeiros meses, mal entendem que nasceram. A famosa e temida exterogestação. Sobre se tornarem seguros, é onde entramos. Entramos com um ambiente favorável, temperatura ideal, “fotografia de sono” organizada. Um cenário o mais parecido possível com o que esse bebê tinha no útero.
Em paralelo, precisamos pensar que esse ser vai crescer, ficar mais pesado e que essa mãe vai voltar a trabalhar, que esse bebê vai para a creche, entre outros desafios da vida real. E é aí que eu entro para falar de hábitos.
Onde esse bebê dorme? Como adormece? Quem coloca o bebê para dormir? Quanto tempo leva para que ele consiga pegar no sono?
A palavra rotina assusta muitas famílias. Mas para eles, rotina é fundamental. Precisamos ajudá-los a programar os seus relógios biológicos e diferenciarem dia de noite, soneca de sono noturno, estímulos intensos de relaxamento e assim por diante. Rotina previne ansiedade e angustia. Previsibilidade. Palavra chave para um dia de sucesso para mãe e bebê.
E nada disso adianta se eu tenho um bebê com fome. Logo, a nutrição deve estar ajustada às necessidades desse bebê para que venha uma boa noite de sono. Os nutrientes, independente da forma que chegam até eles, devem estar em equilíbrio.
Finalizo frisando que a fala de uma consultora do sono nunca deve ser rasa. Deve-se avaliar a família toda e não só o bebê. Teoria e prática precisam ter o mesmo peso na elaboração de estratégias. Individualizações precisam ser feitas para cada caso.
Caso contrário, o livro que ensina a técnica X seria suficiente.
Boa semana e bons sonhos!
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